“Cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Edward B. Taylor

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Família, família...... cachorro, gato, galinha...

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Família só é mesmo perfeita no álbum de retratos. E talvez por isso seja tão explorada pelo cinema. O fato é que o ditado “família é tudo igual, só muda de endereço” acaba funcionando e proporcionando ao espectador grande identificação com as tramas. É o caso de “Parente... é Serpente” de Mario Monicelli, filme premiado com Oscar em 1995.

No filme, a típica família italiana, expansiva, cheia de conversas agitadas, frases cruzadas, gritos, histerismo, e ao mesmo tempo caótica, se reúne na casa da “nonna” para comemorar as festividades de fim de ano. Separados pela distância, pois cada filho mora em uma cidade da Itália, e pelo tempo, todos se encontram num clima de lembranças e alegria. Mas nem tudo é felicidade. Logo as diferenças aparecem quando os pais anunciam que não podem mais morar sozinhos e gostariam de morar com um dos filhos.

A grande sacada se dá pela identificação do espectador que com estereótipos presentes em qualquer família de qualquer lugar do mundo, como a tia invejosa, a faladeira, a que só reclama de doença, o avô esclerosado, a cunhada ou a prima metidinha. Também pelo constrangimento e indignação do espectador em visualizar do que o ser humano é capaz, dada à verossimilhança com fatos reais.

A estética preza por um visual “sujo” escuro, cinzento, com a câmera na mão, sem muitos efeitos especiais. Mas não pense que o filme é deprimente. É uma comédia divertida e “ácida”, como muitos críticos a definiram. A comédia, nesse caso, é usada como arma para refletir sobre as fraquezas humanas, um gênero que foge da alienação.

Monicelli investe muito na contextualização do filme e na apresentação e caracterização dos personagens. Em “Parenti Serpenti”, a exposição da família e suas personalidades,  são expostos de forma minuciosa e ultrapassam a primeira hora de filme. A exposição do conflito só aparece no filme depois de muito tempo, mas é suficiente para dar ritmo e emoção à obra. Vale a pena esperar para ver o circo pegar fogo.

O filme foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1995 e ganhou uma Fita de Prata do Sindicato dos críticos italianos.

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