“Cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Edward B. Taylor

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vander Lee mais maduro, fareja novas possibilidades

 

Conhecido pelas canções de amor e pelas baladas, o mineiro Vander Lee ainda que passeie por outras praias, como sambas e letras bem-humoradas, mantém a característica que fez dele um sucesso feminino: as canções de amor. Em “Faro”, seu sexto álbum que chegou às lojas em abril deste ano, as baladas estão lá, devidamente registradas. Mas o disco vai além.

imageEmbora ele diga, em uma de suas músicas, que “românticos são poucos”, o mercado está saturado de canções sobre amor, do rock ao samba. Qual será o segredo de Vander Lee, que está no mercado há mais de 20 anos? Segundo ele, é a sua criatividade. Intitulando-se mais maduro e com olhar ampliado, Vander Lee se arrisca nesse álbum em um estilo mais pop, que mistura influências como música eletrônica, samba, rap e arranjos mais suingados. O responsável por tudo isso é o experiente produtor Marcelo Sussekind, que assina a produção do disco e que já trabalhou com nomes como Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Lulu Santos.

“Faro” é um trabalho que surpreende por sua variedade rítmica, no qual estão representados o baião, a balada, a toada, o reggae, o xote e até o soul, além é claro, do samba. Falando em Samba, Lee realiza uma parceria inusitada neste álbum. Musicou um poema do compositor sambista Cartola, que se transformou na música “Obscuridade”. (Passei pelo mundo/ Sem ser percebido/ Ouvindo a tudo / E a nada dando ouvido / Segui pelo caminho / Que tinha a minha frente / Mas não encontrei a estrada / Desejada em minha mente). Vander Lee classifica a música como “um samba com a delicadeza mineira, meio bossa nova, meio toada”. O contato com o poema se deu pela leitura da biografia “Cartola – Os Tempos Idos”, lançada em 1998 e reeditada em 2008 no embalo dos festejos pelo centenário de nascimento do compositor. O lado sambista de Vander Lee o acompanha desde cedo e veio à tona principalmente no disco “No balanço do balaio”, de 1999.

Na linha romântica estão as baladas “Cacos” e “Farol”, de sua autoria, que parecem um pouco com o hit “Esperando Aviões” e a mais agitada “Eu e Ela”, música que já toca nas rádios. Ainda falando de amor, Lee gravou um sucesso de Roberto Carlos na década de 1960, “Ninguém vai tirar você de mim”, de Édson Ribeiro e Hélio Justo, e que ganhou um arranjo mais afro brasileiro do cantor nessa versão. Além deles, Vander Lee convidou para este disco, Regina Souza, sua esposa, para dividir a canção “Baile dos Anjos”.

Para produzir esse CD, Vander Lee teve de alterar a estrutura da maioria das músicas compostas, por achar que a sonoridade ainda estava muito parecida. Antes de compor as novas canções, foi buscar novas fontes de inspiração na leitura de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Fernando Pessoa, Manoel de Barros e o poeta contista Gabriel García Márquez.

Depois do DVD “pensei que fosse o céu”, Vander Lee deu um espaço de três anos sem compor, apenas se dedicando aos shows. A tarefa de colocar um disco nas prateleiras enfrenta concorrências cada vez maiores das novas mídias e da pirataria. A expectativa dos fãs depois de tão longa espera também é relevante no lançamento de um novo álbum. Mas Vander Lee não decepciona. Pelo contrário. Surpreende com sua bela poesia e seus ritmos brasileiros e mineiros.

Nenhum comentário: