“Cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Edward B. Taylor

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Do tempo da carochinha

 

Você já pensou de onde vêm as expressões que usamos no dia a dia? A língua portuguesa é cheia de ditados e termos metafóricos, com significados pra lá de confusos para quem nao é nativo! Ditados que remanescem ao longo do tempo, preservando a riqueza de nossa língua. Aqui estão reunidos alguns dos mais divertidos:

“Falar pelos Cotovelos”

Expressão comum para designar os tagarelas (constantes faladores). Surgiu pelo costume de pessoas muito falantes tocarem os cotovelos de seus interlocutores a fim de que eles não se distraiam e mantenham a atenção no discurso. O termo é usado para definir uma pessoa que, de tão tagarela, se torna inconveniente: “Ele fala pelos cotovelos”.

“Lua de mel”

O termo nasceu originalmente na Irlanda, e foi traduzido do inglês honeymoon. Na Idade Média, segundo a tradição local, os recém-casados tomavam durante um mês (ou um ciclo inteiro da lua) uma bebida de baixo teor alcoólico chamada mead ou hidromel, que consistia basicamente em uma mistura de mel fermentado e água.

“Lágrimas de crocodilo”

Expressão usada para se referir a choro fingido, não natural. Isso porque o crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, parece que ele esta chorando enquanto se alimenta, mas não é verdade.

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“Nos tempos das vacas magras”

Termo criado para designar tempos difíceis, de escassez. Proveniente de uma passagem bíblica do Antigo Testamento: O Gênesis. A passagem relata a ocasião em que o rei do Egito teve um sonho: viu sete vacas gordas sendo devoradas por outras sete muito fracas. Ao acordar, José filho de Jacó interpreta o sonho: as gordas representavam sete anos de abundância; as magras, sete anos seguintes de escassez.

“Maria vai com as outras”

Termo usado para pessoas que não tem opinão própria, ou que agem pela sugestão de outros. Surgiu por causa de Dona Maria I, mãe de D. João VI, que depois que enlouqueceu foi declarada incapaz de governar, e por isso foi afastada do trono. Depois de fugir com a corte para o Brasil, passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas, costumava dizer; “Lá vai D. Maria com as outras”.

“Dar com os burros n’agua”

A expressão usada para dizer que alguém foi mal sucedido, falhou em algum plano. De acordo com Ari Riboldi, no seu livro O Bode Expiatório, a expressão surgiu a partir de uma história popular que relata uma competição entre dois tropeiros. Cada qual deveria carregar, no próprio burro, um fardo de sal ou algodão até o local combinado. No percurso, eles depararam-se com um rio e para cortar caminho, tentaram atravessá-lo, mas o sal dissolveu-se e o fardo de algodão ficou danificado. Sendo assim, ninguém chegou ao ponto determinado. Apenas "deram com os burros n' água".

“Pôr a carapuça”

Significa assumir a culpa ou a responsabilidade por algo. Na época da Inquisição, os condenados eram obrigados a vestir trajes folcloricos para comparecer aos julgamentos. Além de usarem uma túnica com o formato de um poncho, precisavam colocar sobre a cabeça um chapéu longo e pontiagudo, conhecido como carapuça.

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“Dar de mão beijada”

O termo é usado em ocasião de ganho de presentes ou favores de maneira fácil, sem esforço. Tem origem no ritual das doações ao rei ou ao papa. Em cerimônia de “beija-mão”, os fiéis mais abastados faziam as suas ofertas, que podiam ser terra, prédios e outras dádivas generosas.

“Pôr em pratos limpos” e “Colocar Preto no Branco”

Ambas as expressões sao usadas para esclarecer algo. A primeira surgiu em 1765, na França, quando foi aberto o primeiro restaurante. Estabeleceu-se que a conta seria paga após a pessoa comer. Quando o dono ou o garçon vinha cobrar a conta e o cliente ainda não havia feito a sua refeição, ele sabia que ainda nao deveria pagar; os pratos “limpos” eram a prova que ele nada devia. Ja a segunda expressao, de acordo com o folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascu­do, surgiu no Brasil do século 19 como substituta para uma outra, bem mais antiga, datada da segunda metade do sécu­lo 9: “cum cornu et cum alvende”. Cornu significava tinteiro e alvende era o alvará, o decreto. Assim, a frase em latim faz referência a um decreto ou documento escrito e assinado. Na versão posterior e abrasileirada da expressão, preto significaria a tinta e branco, o papel.

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“Salvo pelo gongo”:

Termo que pode ser traduzido como “escapar de um problema”. O ditado tem origem na na Inglaterra. Como antigamente não havia espaço para enterrar todo os mortos, muitos caixões eram abertos, os ossos tirados para o túmulo ser utilizado por outra pessoa. Mas, às vezes, ao abrir os caixões, os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia). Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do falecido, que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino (gongo). Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar e ele seria salvo.

“Elefante branco”

O ditado significa algo que se tem ou que se construiu, geralmente grande e pomposo, mas que não tem utilidade. Surgiu de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia. O rei gostava de dar um elefante branco aos cortesãos que caíam em desgraça. Sendo um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio rei, não podia ser vendido nem morto. Não podendo também ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas.

“Surdo como uma porta”

Designado as pessoas que nao escutam, de maneira pejorativa. A expressão vem dos antigos romanos que faziam oferendas à deusa porta, pendindo-lhe favores. Beijavam-na, perfumavam-na e enfeitavam-na com flores quando os pedidos eram atendidos. Quando, porém, a porta se mostrava surda às solicitações, era ofendida com diversos xingamentos que visavam castigar sua surdez. O costume foi registrado pelo escritor romano Festus, no século 4º.

Legal demais da conta, sô!

 

Fontes:

http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=21

L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)

ALMANAQUE BRASIL: http://www.almanaquebrasil.com.br

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Disputa internacional na Bienal de Veneza


Em sua 54ª edição, a Bienal de Veneza evidencia a  arte contemporânea  como instrumento estratégico nos jogos políticos internacionais

15 de Junho 2011 -  Veneza , Itália

Desde o seu lançamento, em 1895, é comum que vários países ofereçam aos seus artistas renomados, uma vitrine em pavilhões nacionais na Bienal italiana. Este ano, 89 países, número mais elevado da hist
ória do evento, disputam, não só por atenção, mas pelo reconhecimento externo. Prova da propagação mundial da arte contemporânea como ferramenta estratégica nas relações internacionais.  
 
As exposições são financiadas geralmente por seus Ministérios de Cultura ou Ministério dos Negócios Estrangeiros, como a Inglaterra. Também há casos em que colecionadores ou empresários particulares patrocinam um pavilhão, como aconteceu com a mostra ucraniana este ano, que foi paga por um colecionador particular, da Polonia. Nesse contexto, gestos políticos são inevitavelmente colocados em questão e se tornam uma outra maneira de deixar sua marca em Veneza.  Em 2011, o  questão da imagem ficou bem explicita no pavilhão polonês, entregue a Yael Bartana, um artista de vídeo israelense. O pavilhão apresenta uma trilogia de filmes sobre o movimento renascentista judeu, um grupo político fundado pelo artista que solicita o retorno dos judeus para a Europa Oriental.  O gesto polonês foi considerado como um sinal de nação generosa e muito apreciado pelos conhecedores do mundo da arte.

Ao contrário de gestos generosos, o evento pode ser palco de protestos. Em frente ao pavilhão norte-americano, Allora & Calzadilla, uma jovem dupla artística que vive em Porto Rico, instalou "Track and Field". Um atleta olímpico ativa uma esteira montada em um tanque militar trasmitindo a mensagem de que a guerra vai a lugar nenhum, e é tão melancólica quanto o barulho gerado pela máquina. Ainda mais bem-sucedida é a escultura que os artistas têm instalado no interior do pavilhão: "Algoritmo".  Um órgão feito de tubos com um caixa automático em pleno funcionamento. Os amantes da arte, ao sacar seus euros, encontram-se envolvidos na efervescência dos acordes produzidos pela obra.

Os pavilhões que oferecem um ambiente  conceitual convincente são os mais célebres. Um número de expositores veteranos optaram por esta via, incluindo a Alemanha, que este ano recebeu o cobiçado prêmio Leão de Ouro, a maior honra da feira. A exposição foi dedicada à obra do diretor teatral Christoph Schlingensief, o único diretor alemão capaz de desenvolver uma linguagem universal de arte para si mesmo. Sua técnica era abrangia o teatro, ópera, literatura e cinema.

 Os recém-chegados às vezes acreditam que o seu pavilhão deve representar a sua nação, como se fossem uma agência turística e se esquecem do valor artístico de suas obras. O espaço do Azerbaijão sofreu este destino. Aidan Salakhova exibiu duas esculturas: "Esperando Noiva", uma mulher coberta com um véu preto, e "Black Stone de Meca", uma escultura em mármore que, pelo formato, pode sugerir o
órgão genital feminino. Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, ao vistar a Bienal, se ofendeu com a obra, que foram imediatamente envoltos em lençóis brancos e estão prestes a ser removidas.

Mas, a grande polêmica foi  destinada ao pavilhão italiano, host  da Bienal, que sob a curadoria de Vittorio Sgarbi, historiador de arte, foi intitulado "A arte não é Cosa Nostra".  O curador, em comemoração ao 150º aniversário da unificação da Itália, exibiu obras de cada capital regional ou grandes cidades de prestígio artístico, com o objetivo de documentar a qualidade da arte em todo o país. No entanto, na opinião de alguns críticos, o ambiente mais parecia um “bazar de quinquilharias”.

Arte Brasileira  em Veneza

A artista plástica Helena Manzan, natural de Uberlândia, mas que há 10 anos reside na Itália, foi convidada a participar da 54ª Bienal de Veneza 2011. Manzan  passou por uma criteriosa seleção promovida pela Comissão de Estudos da Bienal, mas participa como artista italiana, representando a região de Molise, juntamente com outros artistas locais.  Ela mostra três obras da série “Energia Animal”, fruto de uma pesquisa desenvolvida no rio Araguaia, na Amazônia, em parceria com o médico veterinário e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), André Quagliatto, e a Universidade de Molise. 

Fontes complementares: The economist, Correio de Uberlândia, Wikipedia
Imagens: divulgação

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para nao ter do que se arrepender - Epitafio


Navegando na internet, encontramos uma diversidade infinita de informações, textos, imagens e muito spam. Mas algumas palavras conseguem tocar e fazer refletir. Como é o caso do post abaixo, postado no blog de Bronnie, “Inspiration and Chai”. A profissional da area de saúde  conta sobre sua experiência com pacientes em estado terminal e suas constatações.  Segundo a autora, o texto em breve vai virar livro. Vale a pena ler e refletir:  

Lamentos de Morte / “Regrets of the Dying”
(Traducao livre)

“Por muitos anos eu trabalhei com cuidados paliativos. Meus pacientes eram aqueles que tinham ido para casa para morrer. Alguns momentos incrivelmente especiais foram compartilhados entre nós. Eu estava com eles durante as últimas 3 a 12 semanas de vida.

As pessoas crescem muito quando eles se deparam com sua própria mortalidade. Eu aprendi a nunca subestimar a capacidade de alguém para o crescimento. Algumas mudanças foram fenomenais. Cada um  experimentou uma variedade de emoções, como esperado: negação, medo, raiva, remorso, mais de negação e, finalmente, aceitação. Todos pacientes encontraram a paz antes de partirem; cada um a seu modo.
 
Quando questionados  se havia algum arrependimento ou qualquer coisa que fariam diferente, temas comuns vieram à tona constantemente. Aqui estão os cinco mais comuns:

1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesma, e não a vida que os outros esperavam de mim.

Este foi o lamento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase a terminar e olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram atingidos.  A maioria das pessoas não tinha honrado até metade dos seus sonhos e tiveram que morrer sabendo que isso era devido às escolhas que fizeram, ou que não fizeram durante a vida.

É muito importante tentar honrar pelo menos alguns de nossos sonhos ao longo do caminho. A partir do momento que você perde a sua saúde, é tarde demais. Saúde traz liberdade. (...)

2. Eu gostaria de não trabalhar tanto.

Isso veio de todos os pacientes do sexo masculino que tratei. Eles perderam a juventude de seus filhos e companheirismo da parceira. As mulheres também falaram sobre esse arrependimento. Mas como a maioria eram de uma geração mais velha, muitos dos pacientes do sexo feminino não tinham sido chefes de família. Todos os homens que eu cuidei lamentaram profundamente passar tanto tempo da sua vida extremamente focados no trabalho.

Ao simplificar o seu estilo de vida e fazer escolhas conscientes ao longo do caminho, é possível ver que voce não precisa do rendimento que você achava que era  necessário. E criando mais espaço em sua vida, você se torna mais feliz e mais aberto a novas oportunidades, mais adequado ao seu novo estilo de vida.

3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.

Muitas pessoas suprimem seus sentimentos, a fim de manter a paz com os outros. Como resultado, mantê
m uma existência medíocre e nunca se tornam quem eram realmente capazes de se transformar. Muitas doenças desenvolvidas relativas à amargura e ressentimento, são resultados desse comportamento.

Não podemos controlar as reações dos outros. No entanto, embora as pessoas possam, inicialmente, reagir  diferente quando você mudar a maneira de falar (sendo mais honesto),  no final essa atitude amplia a relação para um outro nível, mais saudável.  Caso contrário, ele libera o relacionamento doentio de sua vida. De qualquer maneira, você ganha.

4. Eu gostaria de ter permanecido em contato com meus amigos.

Os benefícios de possuir amigos, até à proximidade da morte, nem sempre é notado . Muitos haviam se tornado tão focados em suas próprias vidas que tinham deixado de lado amizades de ouro ao longo dos anos. Havia muitos que lamentavamprofundamente de não dar às amizades, o tempo e o esforço que eles mereciam. Todo mundo sente falta de seus amigos quando se esta frágil.

É comum que, qualquer um em um estilo de vida agitado, deixe escapar amizades. Mas quando você se depara com a sua morte se aproximando, os detalhes físicos da vida caem. As pessoas querem obter a sua situação financeira em ordem, se possível. Mas não é dinheiro ou status que mantém a verdadeira importância para eles. Eles querem fazer as coisas de forma mais benéfica para aqueles que amam. Normalmente, porém, eles estão muito doentes e cansados ​​de sempre realizar esta tarefa. É tudo se resume a amor e relacionamentos no final. Isso é tudo o que resta: amor e relacionamentos.

5. Eu gostaria de ter me permitido ser feliz.

Este é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos não perceberam, até ao final, que a felicidade é uma escolha. Eles haviam ficado presos em velhos padrões e hábitos. O chamado "conforto" de familiaridade transbordou em suas emoções, bem como a sua vida física. O medo da mudança fazia com que eles fingissem para os outros e para si mesmos, que eram felizes. Quando lá no fundo, ansiavam a rir de forma exagerada e ver graça na vida novamente.

(...) Como é maravilhoso ser capaz de deixar a vida acontecer e voltar a sorrir, muito antes de você estar morrendo. A vida é uma escolha. É SUA vida. Escolha conscientemente, escolha sabiamente, escolha honestamente. Escolha a felicidade.” Bronnie Ware

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“Lamento de Morte” será um livro completo, com lançamento previsto ainda para esse ano, cheio de histórias pessoais e inspiradoras sobre a experiencia de Bronnie com pessoas em estado terminal.
Para receber mais informações, cadastre-se no mailing : info@inspirationandchai.com