“Cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Edward B. Taylor

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Testemunhando a fé ou a falta dela? - As contradições surreais de Buñuel

 

Por Tássia Corina

Luis Buñuel aos quarto ventos declarava: “Sou ateu, graças a Deus”. A contradição é latente no filme Nazarin, em que o cineasta, ao mesmo tempo em que faz uma crítica à filosofia cristã, de que é preciso fazer sempre o bem, servir ao próximo, usando o princípio da não violência, mostra que o caminho do servir pode ser muito mais espinhoso do que se pensa. A casualidade dos acontecimentos, característica comum das obras surrealistas, faz com que o público perceba que, por mais que o personagem Nazarin tente ser bom, isso não transforma automaticamente o seu ambiente num lugar melhor. Assim como Cristo, sua bondade muitas vezes gera incompreensão e revolta. O próprio nome do protagonista faz analogia ao conhecido termo “Nazareno”, referente a Jesus de Nazaré. Dessa forma, Buñuel tenta provocar no espectador a pergunta: Vale a pena ter fé?

O filme é baseado no romance de Benito Perez Galdós. Nazarin é um padre passando por uma crise de fé, que procura seguir à risca os preceitos de Cristo. Ele serve aos pobres, cuida de uma prostituta ferida em uma briga, salva uma mulher suicida e não demonstrar se apegar a bens materiais. Vive da caridade de outros fiéis, que lhe dão comida. Seguindo os preceitos da religião, ele é um homem que reza, que oferece a outra face e que sempre diz a verdade, mesmo quando acusado ou sob risco. Andara, a prostituta, pede asilo ao padre, porque está ferida e precisa se esconder da polícia, por ter assassinado outra mulher. O padre a acolhe e isso lhe traz problemas, sendo obrigado a deixar a batina e fugir da cidade. Ele então passa a viver a vida de missionário, fazendo voto de pobreza e ajudando pessoas em seu caminho, com a companhia de Andara e Beatriz, a moça abandonada pelo amante que tenta suicídio. Muitas provações passam em seu caminho e Nazarin acaba sendo preso e agredido por marginais. Ele é defendido por outro ladrão que impede que ele seja surrado e desabafa para Nazarin: ”você está no lado do bem e eu no do mal. E nenhum dos dois serve para nada”, evidenciando mais uma vez, o questionamento do cineasta a respeito das vantagens em ser um cristão.

"Nazarín é motivado por suas crenças, sua ideologia. O que me move é o que acontece quando sua ideologia falha, porque sempre que Nazarin se envolve em algo, mesmo no melhor de sua fé, ele somente traz conflitos e desastres”, diz Buñuel.

Nazarin, Luis Buñuel 1958–México

O traço surrealista, ainda que não tão evidente, se mostra na obra por meio dos detalhes. Uma das imagens marcantes passa-se no apartamento de Nazarin. Andara, a prostituta, acaba de chegar, convalescendo-se de seu ferimento, tendo febres e alucinações. Ela olha para a imagem na parede retratando o rosto de Cristo com a coroa de espinhos. No meio de seus delírios, ela vê o rosto sorrindo, dando gargalhadas. Irreverente, supõe-se que Buñuel queria mostrar contradições no próprio Cristo, que ama e que julga. Mas pode-se interpretar também como a imaginação da própria Andara, a prostituta, que descrente até então, não se sente merecedora de ter os cuidados de um homem de fé. Além dessa cena, outros traços surreais: o anão que se apaixona por Andara e a chama de feia, os surtos inexplicáveis de Beatriz, o momento de oração de cura da menina, entre outros.

O filme oferece duas interpretações: de que o filme faz alusão à Biblia e é genuinamente religioso, e outra, de que tudo não passa de uma crítica à ilusão da fé e a descoberta da realidade frágil do homem. Buñuel não assume nenhuma das duas. Em entrevista, o cineasta afirma: "Já não creio no progresso social. Só posso acreditar em alguns poucos indivíduos excepcionais de boa fé, ainda que fracassem, como Nazarin".

Na cena final, Nazarin é conduzido à sua sentença, e no caminho, o policial para em uma ambulante, que vende frutas. Ela, sensibilizada, pede ao guarda para dar ao protagonista, uma fruta. Simbolicamente, Nazarin ganha um abacaxi com uma exuberante coroa de espinhos, dando sentido à peregrinação do padre até então, e de certo modo, confirmando a sua ideologia de fé. A impressão que fica é a de um padre retratado sem clichês, como uma pessoa comum, que escolheu um caminho de fé e que vai até as últimas consequências por conta dessa escolha.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Os Esquecidos, Luis Buñuel

 

Eles também foram esquecidos

Por Tássia Corina

Há cerca de sessenta anos atrás, Buñuel já se incomodava com uma situação que continua atual. A perda da infância e da inocência nos subúrbios de grandes cidades e o aumento da delinquência por meio desses jovens. O filme Os Esquecidos (Los olvidados, 1950) conta a história de Pedro (Alfonso Mejía), uma criança, nascida de um estupro, que carente de carinho familiar, principalmente da mãe, que passa seus dias na rua, na companhia de outros jovens solitários e arruaceiros. Jaibo (Roberto Cobo), órfão de pai e mãe, faz parte desse grupo e passa a ser o líder naturalmente, conseguindo tudo o que quer por meios ilícitos. Fugido do reformatório, Jaibo deseja se vingar de Julian (Javier Amézcua) por ter sido denunciado por ele e acaba o matando, na companhia de Pedro. O crime então passa a dominar a vida dos dois, que vivem morrendo de medo de serem pegos. Tentando mudar de vida e conseguir o tão sonhado carinho da mãe (Estela Inda), Pedro decide arrumar um emprego, mas por causa de Jaibo, é acusado de roubo e mandado para um reformatório. Mesmo dentro da Escola Agrícola, Jaibo consegue atrapalhar os planos de Pedro, fazendo com que o confronto entre os dois seja algo inevitável. Pedro percebe o quão negativa é essa amizade e denuncia Jaibo pelo assassinato de Julian. A partir daí, Jaibo só pensa em vingança e Buñuel não evita o final trágico.

O cineasta foi muito corajoso ao escolher retratar a realidade mexicana ao invés de sua beleza, o que causou muita polêmica na época da estréia. Os personagens Pedro, El Jaibo, Ojitos, Metche e o restante do grupo que vivem pelos subúrbios da Cidade do México ilustram os jovens abandonados por uma sociedade que, ocupada demais com seus afazeres ou preocupada demais com suas situações econômicas, além de quererem impor a lei e a disciplina à força, negam-lhes afeto e compaixão. No filme, a família é representada com membros ausentes, insensíveis, frios. Como a mãe de Pedro, que o ignora e não faz questão do filho em casa; o pai de Ojitos, que o abandona no centro da cidade; os pais que Jaibo nunca conheceu (ele descreve o rosto da mulher que imagina ser sua mãe); o irmão mais velho de Metche, que vendo Jaibo molestando-a, finge que nada está acontecendo.

Na tela, fica estampado o retrato do abandono familiar, da falta de políticas públicas, o descaso governamental, da miséria. O personagem diretor do reformatório afirma em seu discurso que gostaria de matar a miséria, para que elas não matem suas crianças. O que vemos hoje no Brasil, na América Latina em geral, no México, Nova York, não é muito diferente. A juventude miserável está nas ruas, aprendendo a ser os bandidos de amanhã, o que deixa latente uma ação urgente e necessária: investir na infância, na educação, em perspectivas de uma vida melhor para os jovens. Buñuel nessa obra, nada tem de surreal. Mal sabia ele que seu filme seria ainda tão alarmante, mesmo 62 anos depois.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O artista vai mesmo onde o povo está


Na Europa, em cada esquina há um artista de rua. Pessoas tocando instrumentos, cantando, dançandopintando, contando piadas e até pulando corda. Não importa idade, cor, sexo, raca, nem o talento que se tem. Para mostrar suas habilidades e ganhar um dinheirinho, os artistas põe a cara pra fora e decoram as ruas das grandes metrópoles, inspirando o cotidiano dos cidadãos.  E por aqui, uma coisa é certa: dificil ver alguém tentando falsear um talento. Todo mundo que se apresenta ao ar livre tem, de verdade, muita habilidade.

Cover dos Beatles em Londres

No Brasil muitos artistas também tentam a sorte nos sinais e praças. Nesse caso, nem sempre tão preparados ou dotados de uma habilidade extraordinária, mas sempre dispostos a trazer mais alegria as rotinas atarefadas das grandes cidades. Talvez por causa do problema de violência e criminalidades no país, muitos artistas são mal interpretados. Além disso, muitas famílias exploram suas crianças, mandando-as despreparadas para apresentarem-se, apenas para trazer mais um "trocado" pra casa, banalizando a profissão. 

Por isso, hoje, para os profissionais que ganham a vida e levam a sério a profissãoé preciso mais ordem. O preconceito da população e a repressão de policiais e fiscais, não podem se tornar impedimento para tal atividade. Sendo assim, eles se organizaram e exigiram da prefeitura de São Paulo, apoio e regulamentação

Para saber como a história continua, veja a matéria publicada pelo site As Boas Novas:

"Desde 20 de julho, os artistas de rua estão liberados para trabalhar na cidade de São Paulo. Apesar de usarem um espaço  um espaço público para realizarem seus trabalhos, esses profissionais vinham sofrendo com restrições de policiais e fiscais municipais que alegavam que as apresentações atrapalham os pedestres e faziam mais barulho do que deveriam.

Insatisfeitos, os artistas se mobilizaram e negociaram com a prefeitura da cidade uma portaria para regulamentar a atividade. Agora, músicos, atores e outros artistas têm liberdade para abrir rodas de apresentação e montar pequenos shows nas calçadas, praças e parque. Há, no entanto, algumas regras: o respeito ao limite de barulho, principalmente perto de residências, e a liberação de pelo menos 1,2 metro nas calçadas para pedestres. Para montar estruturas grandes, como palcos e iluminações, ou para usar parques, as autoridades devem ser comunicadas.

Segundo Celso Reeks, representante dos artistas nas negociações com a prefeitura, dificilmente o pedido para uso do espaço público será negado, já que a autorização funcionará mais como formalidade. “Essa portaria não está nos dando um presente. Está só reforçando um direito, já garantido na constituição: o da liberdade de expressão artística em qualquer local sem risco de repressão e o direito do Estado de garantir o acesso da população à cultura”, diz.

Celso é integrante da Cia Nau de Ícaros, que faz apresentações de dança e circo tanto em locais fechados quanto na rua. Segundo ele, o espaço público garante uma interação mais direta e democrática com as pessoas, já que a arte é aberta a qualquer um. “As ruas são os locais de apresentação mais antigos e é muito importante para o artista poder usar a arquitetura da cidade como parte de seu cenário”, afirma.

Um dos pontos polêmicos da portaria era a liberação do “passar o chapéu”, quando os artistas recebem contribuições do público. Celso conta que presenciou casos em que fiscais municipais não permitiam que o público desse dinheiro aos artistas, pois seria um pagamento informal. A nova portaria garante que eles recebam o dinheiro, porque é um tipo de “doação espontânea que não precisa ser declarada”.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em cada canto, um sabor

 

Culinária é sem dúvida um tópico que diz muito sobre a cultura de um país. A comida deve ser composta dos recursos disponiveis no local para alimentar, nutrir, esquentar ou refrescar seu povo. Cada lugar tem seus temperos, clima, gostos, cheiros. Vejamos alguns pratos tipicos de diversos cantos do mundo:

TURQUIA

Por estar entre Europa e Ásia, a cozinha desse local é bem diversificada e mesclada. Influências do oriente e ocidente deixaram uma marca especial no modo de temperar e servir. Mas uma coisa é fato: na terra dos Kebabs ou Dönners, os turcos são apaixonados por pão. Comem pão com recheios salgados, doces, e a qualquer hora do dia. Inclusive, usam-no para substituir o garfo ou colher em algumas refeições.

Exemplo de comida típica são os "pides", uma espécie de esfiha aberta que, na Turquia, têm massa bem fina, semelhante à de uma pizza, e são assadas no forno à lenha. Parecido com isso, existe também o Lahmacun que parece uma tortilla aberta com molho de carne moida bem apimentado. Outra curiosidade é o hábito de misturar iogurte natural na comida (quando ela está apimentada), para aliviar a queimação.

clip_image002 Pides, o gergelim na massa da um gosto especial.

Em relação a carnes, o porco não é muito apreciado, por causa da religião mulçulmana predominante no país, e a carne de boi possui um preço elevado, sendo portanto o frango, a carne mais consumida.

Para sobremesa, “baklava” é o doce mais popular. Feito com um massa folhada fininha recheada com uma pasta de nozes e com uma cobertura de mel, é de dar água na boca. Tem tambem o “pişmaniye”, que parece um algodão doce, mas é mais durinho e servido em pequenas porções.

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pişmaniye, lembra o nosso algodão doce

Pra finalizar, o tradicional café turco, feito com um café moído muito fino, sem coar. O pó que fica no fundo é tradicionalmente usado para ler o futuro de quem bebe. Uma especiaria aromática chamada cardamom é misturada as vezes ao café para dar um gostinho especial.

ÁFRICA DO SUL

Como a África do Sul ficava bem no meio da do rota marítima que ligava o oriente e o ocidente, sua culinaria recebeu influências dos colonizadores de varios cantos do mundo. Por isso, também possui muitas misturas e pratos bem exóticos como os “walkie talkies”, cabecas e pés de galinhas servidos como iguarias.

Segundo Andre Buter, um prato bem tradicional é o “smileys”: cabeças de ovelhas. O nome vem da aparência das ovelhas após cozidas. “Parece que elas estão sorrindo” Por isso o prato é chamado de Smileys (sorriso em inglês).

No mercado, as cabeças de ovelha são cuidadosamente depiladas e lavadas. Em seguida, são parboilizadas em cubos de massa, antes de serem assadas na brasa quente. O resultado é uma cabeça escaldada, numa tonalidade marrom dourado, e devido ao calor intenso, os lábios se encolhem em um sorriso grotesco.

Aparentemente, a única parte não comestível são os dentes; todo o resto, é apreciado, ate as orelhas, que dizem ser emborrachada, boa para mastigar. Para muitos apreciadores do prato, a melhor parte são os olhos, que tem um gosto parecido com o de ostra, dizem.

Além das cabeças de ovelhas, tambem é possivel encontrar línguas boi, o cérebro e pés de touro e porco, orelhas de bode e seus testículos.

Para os mais tradicionais, existe a "papa" uma espécie de pirão bem consistente (parece um purê) feito com farinha de mandioca e água.

Para sobremesa, Koeksisters é um doce popular e encontrado no país, de origem indígena. É como se fosse um donut feito de xarope e em forma torcida ou trançada. Depois de frito, é mergulhado em uma calda de açúcar frio, deixando um gostinho parecido com mel.

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SÉRVIA

Na Sérvia, segundo Suzana Raovic, um prato bem tradicional é Gibanica, uma torta de massa folhada feita com queijo branco. Pode ser enrolada ou em camadas, e pode conter uma combinação de passas, queijo cottage, sementes de papoula, nozes ou maçãs.

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Também muito comum, e com influência da culinária arabe, existe o Sarma, que é um prato de repolho de uva, ou folhas de acelga enroladas em torno de um recheio, normalmente à base de carne moida. A carne picada pode ser carne de porco, vitela, ou uma combinação dos mesmos, mas também de carneiro, cabra, salsicha e carne de aves diversas, como pato e ganso). Além da carne, o recheio inclui arroz, cebola e especiarias diversas, incluindo o sal, pimenta e várias ervas locais. A combinação é fervida durante várias horas, depois de enroladas nas folhas. Para aperfeicoar o sabor, alguns cozinheiros incluem folhas de árvore de cereja.

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PAQUISTÃO

A cozinha paquistanesa é conhecida por sua riqueza e sabor, sendo fruto de uma mistura refinada de várias tradições culinárias regionais do subcontinente sul-asiático. Assim como a India, eles possuem uma variedade muito grande de temperos e paes. Veja alguns deles:

Chapatis - pão mais comum de encontrar em casa, feitos de farinha de trigo integral. Eles são bem finos e sem fermento.
Tandoori roti - Estes são extremamente populares em todo o Paquistão. Eles são assados ​​em forno de barro e são consumidos com praticamente qualquer coisa.
Paratha – Como o chapati, mas com muitas camadas separadas (semelhante a massa folhada). São geralmente consumidos no café da manhã e também pode ser servido com uma variedade grande de recheios.
Naan - Ao contrário de chapatis, naans são mais grossas, tipicamente levedado com fermento e, principalmente, feito com farinha branca. Eles também podem ser polvilhados com sementes de gergelim, chamado kulcha. As vezes colocam recheio de queijo e são muitas vezes servidos no café da manhã.

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Paneer naan

Kulcha - Este é um tipo de naan comido geralmente com grão de bico e batatas.
Roghni naan - Naan polvilhado com sementes de gergelim e coberto com uma pequena quantidade de óleo.
Sheermal - Preparado com leite e manteiga, e é uma parte vital da comida servida em casamentos, junto com Taftan. Muitas vezes é adoçado e é particularmente apreciado pelas crianças.
Taftan - Este é um pão de farinha levedada com açafrão e cardamom em pó pequenas cozidas em um forno de barro.

Um prato muito popular, principalmente nos dias chuvosos ‘e chamado de Pakora. Legumes como cebola, batata, berinjela, espinafre, couve-flor, tomate, pimenta, ou ocasionalmente pão, banana ou frango sao mergulhandos em uma massa de farinha de grama e depois fritos. (Parecem legumes a milanesa). As variedades mais populares são palak pakora, feita a partir de espinafre, paneer pakora, feita a partir de paneer (queijo fresco), pyaz pakora, feito de cebola, e pakora aloo, feito de batata. A versão do pakora feito com farinha de trigo, sal e pedacinhos de batata ou cebola (opcional) é chamado Bariya meio-dia.

Como sobremesa, possuem o delicioso Gulab jamun, popular em países do subcontinente indiano, como a Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal e Bangladesh. É feito de uma massa que consiste principalmente de sólidos do leite, tradicionalmente, khoya, um produto de leite de búfalo que é enrolado em como uma bola junto com um pouco de farinha e depois frito. Em seguida, é colocado em um xarope de açúcar aromatizado com sementes de cardamom e água de rosas ou açafrão. Pode ser servido quente, com sorvete de baunilha e é comum em casamentos.

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Não da vontade de experimentar tudo? =)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Do tempo da carochinha

 

Você já pensou de onde vêm as expressões que usamos no dia a dia? A língua portuguesa é cheia de ditados e termos metafóricos, com significados pra lá de confusos para quem nao é nativo! Ditados que remanescem ao longo do tempo, preservando a riqueza de nossa língua. Aqui estão reunidos alguns dos mais divertidos:

“Falar pelos Cotovelos”

Expressão comum para designar os tagarelas (constantes faladores). Surgiu pelo costume de pessoas muito falantes tocarem os cotovelos de seus interlocutores a fim de que eles não se distraiam e mantenham a atenção no discurso. O termo é usado para definir uma pessoa que, de tão tagarela, se torna inconveniente: “Ele fala pelos cotovelos”.

“Lua de mel”

O termo nasceu originalmente na Irlanda, e foi traduzido do inglês honeymoon. Na Idade Média, segundo a tradição local, os recém-casados tomavam durante um mês (ou um ciclo inteiro da lua) uma bebida de baixo teor alcoólico chamada mead ou hidromel, que consistia basicamente em uma mistura de mel fermentado e água.

“Lágrimas de crocodilo”

Expressão usada para se referir a choro fingido, não natural. Isso porque o crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, parece que ele esta chorando enquanto se alimenta, mas não é verdade.

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“Nos tempos das vacas magras”

Termo criado para designar tempos difíceis, de escassez. Proveniente de uma passagem bíblica do Antigo Testamento: O Gênesis. A passagem relata a ocasião em que o rei do Egito teve um sonho: viu sete vacas gordas sendo devoradas por outras sete muito fracas. Ao acordar, José filho de Jacó interpreta o sonho: as gordas representavam sete anos de abundância; as magras, sete anos seguintes de escassez.

“Maria vai com as outras”

Termo usado para pessoas que não tem opinão própria, ou que agem pela sugestão de outros. Surgiu por causa de Dona Maria I, mãe de D. João VI, que depois que enlouqueceu foi declarada incapaz de governar, e por isso foi afastada do trono. Depois de fugir com a corte para o Brasil, passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas, costumava dizer; “Lá vai D. Maria com as outras”.

“Dar com os burros n’agua”

A expressão usada para dizer que alguém foi mal sucedido, falhou em algum plano. De acordo com Ari Riboldi, no seu livro O Bode Expiatório, a expressão surgiu a partir de uma história popular que relata uma competição entre dois tropeiros. Cada qual deveria carregar, no próprio burro, um fardo de sal ou algodão até o local combinado. No percurso, eles depararam-se com um rio e para cortar caminho, tentaram atravessá-lo, mas o sal dissolveu-se e o fardo de algodão ficou danificado. Sendo assim, ninguém chegou ao ponto determinado. Apenas "deram com os burros n' água".

“Pôr a carapuça”

Significa assumir a culpa ou a responsabilidade por algo. Na época da Inquisição, os condenados eram obrigados a vestir trajes folcloricos para comparecer aos julgamentos. Além de usarem uma túnica com o formato de um poncho, precisavam colocar sobre a cabeça um chapéu longo e pontiagudo, conhecido como carapuça.

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“Dar de mão beijada”

O termo é usado em ocasião de ganho de presentes ou favores de maneira fácil, sem esforço. Tem origem no ritual das doações ao rei ou ao papa. Em cerimônia de “beija-mão”, os fiéis mais abastados faziam as suas ofertas, que podiam ser terra, prédios e outras dádivas generosas.

“Pôr em pratos limpos” e “Colocar Preto no Branco”

Ambas as expressões sao usadas para esclarecer algo. A primeira surgiu em 1765, na França, quando foi aberto o primeiro restaurante. Estabeleceu-se que a conta seria paga após a pessoa comer. Quando o dono ou o garçon vinha cobrar a conta e o cliente ainda não havia feito a sua refeição, ele sabia que ainda nao deveria pagar; os pratos “limpos” eram a prova que ele nada devia. Ja a segunda expressao, de acordo com o folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascu­do, surgiu no Brasil do século 19 como substituta para uma outra, bem mais antiga, datada da segunda metade do sécu­lo 9: “cum cornu et cum alvende”. Cornu significava tinteiro e alvende era o alvará, o decreto. Assim, a frase em latim faz referência a um decreto ou documento escrito e assinado. Na versão posterior e abrasileirada da expressão, preto significaria a tinta e branco, o papel.

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“Salvo pelo gongo”:

Termo que pode ser traduzido como “escapar de um problema”. O ditado tem origem na na Inglaterra. Como antigamente não havia espaço para enterrar todo os mortos, muitos caixões eram abertos, os ossos tirados para o túmulo ser utilizado por outra pessoa. Mas, às vezes, ao abrir os caixões, os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia). Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do falecido, que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino (gongo). Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar e ele seria salvo.

“Elefante branco”

O ditado significa algo que se tem ou que se construiu, geralmente grande e pomposo, mas que não tem utilidade. Surgiu de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia. O rei gostava de dar um elefante branco aos cortesãos que caíam em desgraça. Sendo um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio rei, não podia ser vendido nem morto. Não podendo também ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas.

“Surdo como uma porta”

Designado as pessoas que nao escutam, de maneira pejorativa. A expressão vem dos antigos romanos que faziam oferendas à deusa porta, pendindo-lhe favores. Beijavam-na, perfumavam-na e enfeitavam-na com flores quando os pedidos eram atendidos. Quando, porém, a porta se mostrava surda às solicitações, era ofendida com diversos xingamentos que visavam castigar sua surdez. O costume foi registrado pelo escritor romano Festus, no século 4º.

Legal demais da conta, sô!

 

Fontes:

http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=21

L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)

ALMANAQUE BRASIL: http://www.almanaquebrasil.com.br

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Disputa internacional na Bienal de Veneza


Em sua 54ª edição, a Bienal de Veneza evidencia a  arte contemporânea  como instrumento estratégico nos jogos políticos internacionais

15 de Junho 2011 -  Veneza , Itália

Desde o seu lançamento, em 1895, é comum que vários países ofereçam aos seus artistas renomados, uma vitrine em pavilhões nacionais na Bienal italiana. Este ano, 89 países, número mais elevado da hist
ória do evento, disputam, não só por atenção, mas pelo reconhecimento externo. Prova da propagação mundial da arte contemporânea como ferramenta estratégica nas relações internacionais.  
 
As exposições são financiadas geralmente por seus Ministérios de Cultura ou Ministério dos Negócios Estrangeiros, como a Inglaterra. Também há casos em que colecionadores ou empresários particulares patrocinam um pavilhão, como aconteceu com a mostra ucraniana este ano, que foi paga por um colecionador particular, da Polonia. Nesse contexto, gestos políticos são inevitavelmente colocados em questão e se tornam uma outra maneira de deixar sua marca em Veneza.  Em 2011, o  questão da imagem ficou bem explicita no pavilhão polonês, entregue a Yael Bartana, um artista de vídeo israelense. O pavilhão apresenta uma trilogia de filmes sobre o movimento renascentista judeu, um grupo político fundado pelo artista que solicita o retorno dos judeus para a Europa Oriental.  O gesto polonês foi considerado como um sinal de nação generosa e muito apreciado pelos conhecedores do mundo da arte.

Ao contrário de gestos generosos, o evento pode ser palco de protestos. Em frente ao pavilhão norte-americano, Allora & Calzadilla, uma jovem dupla artística que vive em Porto Rico, instalou "Track and Field". Um atleta olímpico ativa uma esteira montada em um tanque militar trasmitindo a mensagem de que a guerra vai a lugar nenhum, e é tão melancólica quanto o barulho gerado pela máquina. Ainda mais bem-sucedida é a escultura que os artistas têm instalado no interior do pavilhão: "Algoritmo".  Um órgão feito de tubos com um caixa automático em pleno funcionamento. Os amantes da arte, ao sacar seus euros, encontram-se envolvidos na efervescência dos acordes produzidos pela obra.

Os pavilhões que oferecem um ambiente  conceitual convincente são os mais célebres. Um número de expositores veteranos optaram por esta via, incluindo a Alemanha, que este ano recebeu o cobiçado prêmio Leão de Ouro, a maior honra da feira. A exposição foi dedicada à obra do diretor teatral Christoph Schlingensief, o único diretor alemão capaz de desenvolver uma linguagem universal de arte para si mesmo. Sua técnica era abrangia o teatro, ópera, literatura e cinema.

 Os recém-chegados às vezes acreditam que o seu pavilhão deve representar a sua nação, como se fossem uma agência turística e se esquecem do valor artístico de suas obras. O espaço do Azerbaijão sofreu este destino. Aidan Salakhova exibiu duas esculturas: "Esperando Noiva", uma mulher coberta com um véu preto, e "Black Stone de Meca", uma escultura em mármore que, pelo formato, pode sugerir o
órgão genital feminino. Ilham Aliyev, presidente do Azerbaijão, ao vistar a Bienal, se ofendeu com a obra, que foram imediatamente envoltos em lençóis brancos e estão prestes a ser removidas.

Mas, a grande polêmica foi  destinada ao pavilhão italiano, host  da Bienal, que sob a curadoria de Vittorio Sgarbi, historiador de arte, foi intitulado "A arte não é Cosa Nostra".  O curador, em comemoração ao 150º aniversário da unificação da Itália, exibiu obras de cada capital regional ou grandes cidades de prestígio artístico, com o objetivo de documentar a qualidade da arte em todo o país. No entanto, na opinião de alguns críticos, o ambiente mais parecia um “bazar de quinquilharias”.

Arte Brasileira  em Veneza

A artista plástica Helena Manzan, natural de Uberlândia, mas que há 10 anos reside na Itália, foi convidada a participar da 54ª Bienal de Veneza 2011. Manzan  passou por uma criteriosa seleção promovida pela Comissão de Estudos da Bienal, mas participa como artista italiana, representando a região de Molise, juntamente com outros artistas locais.  Ela mostra três obras da série “Energia Animal”, fruto de uma pesquisa desenvolvida no rio Araguaia, na Amazônia, em parceria com o médico veterinário e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), André Quagliatto, e a Universidade de Molise. 

Fontes complementares: The economist, Correio de Uberlândia, Wikipedia
Imagens: divulgação

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para nao ter do que se arrepender - Epitafio


Navegando na internet, encontramos uma diversidade infinita de informações, textos, imagens e muito spam. Mas algumas palavras conseguem tocar e fazer refletir. Como é o caso do post abaixo, postado no blog de Bronnie, “Inspiration and Chai”. A profissional da area de saúde  conta sobre sua experiência com pacientes em estado terminal e suas constatações.  Segundo a autora, o texto em breve vai virar livro. Vale a pena ler e refletir:  

Lamentos de Morte / “Regrets of the Dying”
(Traducao livre)

“Por muitos anos eu trabalhei com cuidados paliativos. Meus pacientes eram aqueles que tinham ido para casa para morrer. Alguns momentos incrivelmente especiais foram compartilhados entre nós. Eu estava com eles durante as últimas 3 a 12 semanas de vida.

As pessoas crescem muito quando eles se deparam com sua própria mortalidade. Eu aprendi a nunca subestimar a capacidade de alguém para o crescimento. Algumas mudanças foram fenomenais. Cada um  experimentou uma variedade de emoções, como esperado: negação, medo, raiva, remorso, mais de negação e, finalmente, aceitação. Todos pacientes encontraram a paz antes de partirem; cada um a seu modo.
 
Quando questionados  se havia algum arrependimento ou qualquer coisa que fariam diferente, temas comuns vieram à tona constantemente. Aqui estão os cinco mais comuns:

1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesma, e não a vida que os outros esperavam de mim.

Este foi o lamento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase a terminar e olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram atingidos.  A maioria das pessoas não tinha honrado até metade dos seus sonhos e tiveram que morrer sabendo que isso era devido às escolhas que fizeram, ou que não fizeram durante a vida.

É muito importante tentar honrar pelo menos alguns de nossos sonhos ao longo do caminho. A partir do momento que você perde a sua saúde, é tarde demais. Saúde traz liberdade. (...)

2. Eu gostaria de não trabalhar tanto.

Isso veio de todos os pacientes do sexo masculino que tratei. Eles perderam a juventude de seus filhos e companheirismo da parceira. As mulheres também falaram sobre esse arrependimento. Mas como a maioria eram de uma geração mais velha, muitos dos pacientes do sexo feminino não tinham sido chefes de família. Todos os homens que eu cuidei lamentaram profundamente passar tanto tempo da sua vida extremamente focados no trabalho.

Ao simplificar o seu estilo de vida e fazer escolhas conscientes ao longo do caminho, é possível ver que voce não precisa do rendimento que você achava que era  necessário. E criando mais espaço em sua vida, você se torna mais feliz e mais aberto a novas oportunidades, mais adequado ao seu novo estilo de vida.

3. Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.

Muitas pessoas suprimem seus sentimentos, a fim de manter a paz com os outros. Como resultado, mantê
m uma existência medíocre e nunca se tornam quem eram realmente capazes de se transformar. Muitas doenças desenvolvidas relativas à amargura e ressentimento, são resultados desse comportamento.

Não podemos controlar as reações dos outros. No entanto, embora as pessoas possam, inicialmente, reagir  diferente quando você mudar a maneira de falar (sendo mais honesto),  no final essa atitude amplia a relação para um outro nível, mais saudável.  Caso contrário, ele libera o relacionamento doentio de sua vida. De qualquer maneira, você ganha.

4. Eu gostaria de ter permanecido em contato com meus amigos.

Os benefícios de possuir amigos, até à proximidade da morte, nem sempre é notado . Muitos haviam se tornado tão focados em suas próprias vidas que tinham deixado de lado amizades de ouro ao longo dos anos. Havia muitos que lamentavamprofundamente de não dar às amizades, o tempo e o esforço que eles mereciam. Todo mundo sente falta de seus amigos quando se esta frágil.

É comum que, qualquer um em um estilo de vida agitado, deixe escapar amizades. Mas quando você se depara com a sua morte se aproximando, os detalhes físicos da vida caem. As pessoas querem obter a sua situação financeira em ordem, se possível. Mas não é dinheiro ou status que mantém a verdadeira importância para eles. Eles querem fazer as coisas de forma mais benéfica para aqueles que amam. Normalmente, porém, eles estão muito doentes e cansados ​​de sempre realizar esta tarefa. É tudo se resume a amor e relacionamentos no final. Isso é tudo o que resta: amor e relacionamentos.

5. Eu gostaria de ter me permitido ser feliz.

Este é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos não perceberam, até ao final, que a felicidade é uma escolha. Eles haviam ficado presos em velhos padrões e hábitos. O chamado "conforto" de familiaridade transbordou em suas emoções, bem como a sua vida física. O medo da mudança fazia com que eles fingissem para os outros e para si mesmos, que eram felizes. Quando lá no fundo, ansiavam a rir de forma exagerada e ver graça na vida novamente.

(...) Como é maravilhoso ser capaz de deixar a vida acontecer e voltar a sorrir, muito antes de você estar morrendo. A vida é uma escolha. É SUA vida. Escolha conscientemente, escolha sabiamente, escolha honestamente. Escolha a felicidade.” Bronnie Ware

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“Lamento de Morte” será um livro completo, com lançamento previsto ainda para esse ano, cheio de histórias pessoais e inspiradoras sobre a experiencia de Bronnie com pessoas em estado terminal.
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